Jesus, O Esquerdopata
Quando eu fazia parte de uma igreja evangélica, o discurso sobre o amor incondicional de Deus para com os homens, manifesto na pessoa de Jesus, era para mim um fascínio e mistério. Como pode haver um amor manifesto sem ressalvas? O que parecia algo antinatural, como um cervo que ama o leão, fascinava-me pela ideia totalmente impossível da prática disso. Amar o seu inimigo genuinamente é tão impossível que somente um ser divino poderia fazê-lo. No entanto, Jesus não era somente um ser divino, e "somente" é algo bastante irônico se você pensar. A leitura dos evangelhos nos ensinava que Jesus era, também, totalmente humano. Como pode alguém totalmente humano, sujeito ao sangue e ao corpo, amar o seu inimigo genuinamente? Aparentemente, o cristianismo que eu conheci era composto de paradoxos: amar o seu inimigo, perdoar a quem te ofende, dar a outra face. Em síntese, ser um tolo. Quanto mais eu me envolvia com as práticas religiosas, mais eu notava que a igreja evangélica, ...